Bandeira de Humaitá, Amazonas

A bandeira de Humaitá é um dos símbolos oficiais do município, criada por Francisco Ribeiro e Raimundo da Silva com a colaboração do professor Arcinóe Peixoto de Farias. Ela foi oficializada pelo decreto-lei nº 058/1979.

Foto: Prefeitura de Humaitá


A inspiração para o design vem das estradas de seringas utilizadas na extração do látex, um produto fundamental para o desenvolvimento histórico da cidade, e também reflete a serenidade da floresta amazônica. A bandeira é retangular e dividida em quatro partes por duas faixas em forma de X. No centro, há um círculo com o brasão do município, representando o Governo Municipal. Significado das cores:

• Vermelho: Simboliza dedicação, coragem e valentia, representando a autoridade municipal em todo o território.

• Verde: Reflete a tranquilidade das florestas e campos naturais.

• Azul: Representa o céu de Humaitá, como observado no dia 15 de novembro de 1889.

• Branco: Simboliza o látex dos tempos áureos da borracha e a sensação de paz celestial.

Brasão de Humaitá, Amazonas

Foto: Gleison Brana, 2019.


Segundo Francisco Ribeiro e Raimundo da Silva, o brasão de Humaitá é um símbolo repleto de significados históricos e culturais. Ele apresenta os seguintes elementos principais:

• Torres e árvore da floresta nativa: O brasão possui oito torres, das quais cinco são visíveis, representando a fortaleza e a proteção. As árvores retratadas incluem uma castanheira e uma seringueira, símbolos da vegetação nativa e das riquezas naturais do município.

• Faixa Vermelha com o nome “Humaitá”: A faixa vermelha contém o nome da cidade, destacando a identidade local.

• Datas Importantes: As datas 1869 e 1894 remetem à fundação do município e à sua elevação à categoria de comarca, respectivamente.

• Escudo Central: Dividido ao meio com um contorno em vermelho e branco, o escudo possui um formato de “Y”, cortado por uma faixa azul, simbolizando a geografia local.

• Elementos Econômicos: O brasão inclui representações de um derrante (vinculado à pecuária) e duas borrachas, referências à produção econômica histórica.

• Cordão de São Francisco: Contornando o brasão, simboliza a chegada dos religiosos e catequizadores ao município, refletindo o papel da religião na história local.


O escudo do brasão de Humaitá possui uma origem portuguesa, refletindo a herança dos colonizadores que influenciaram a formação cultural da região. Seus elementos são carregados de significado:

• Coroa e Torres: A coroa que adorna o escudo, com suas torres, simboliza a sede da comarca, destacando a importância administrativa de Humaitá.

• Iluminações Vermelhas: Representam os pioneiros colonizadores e os dirigentes, ressaltando seu papel na fundação e desenvolvimento do município.

• Desenho em Forma de Y: Representa o cruzamento dos eixos rodoviários federais BR-230 (Transamazônica), BR-319 e AM-280, que conectam Humaitá ao restante do país, enfatizando sua importância logística.

• Borrachas: Simbolizam a indústria extrativista, que teve grande relevância econômica para o município durante o auge da produção de látex.

• Faixa Azul: Representa a hidrovia do Rio Madeira, que atualmente serve como um importante corredor para o escoamento de grãos do norte do Brasil para mercados internacionais.


** A ausência de elementos indígenas no brasão de Humaitá é notável, considerando a rica herança cultural e histórica dos povos indígenas da região amazônica. Esse fenômeno não se limita ao brasão, mas também pode ser observado em outros contextos, como na narrativa histórica oficial e nos símbolos cívicos de Humaitá, que frequentemente privilegiam aspectos relacionados à colonização portuguesa, à exploração econômica e à integração nacional.

Essa falta de representação é um reflexo da marginalização histórica dos povos indígenas em muitos espaços institucionais e simbólicos no Brasil. Em Humaitá, como em outros municípios amazônicos, os povos indígenas desempenharam papéis fundamentais na formação das comunidades locais, seja por meio de sua relação com o território, seja pela transmissão de conhecimentos e práticas culturais.

A percepção dessa lacuna pode servir como ponto de partida para debates e iniciativas que busquem integrar e valorizar a presença indígena, não apenas em símbolos como o brasão, mas também em outras esferas da vida pública e cultural do município. Isso contribuiria para uma representação mais inclusiva e verdadeira da identidade local.

Hino de Humaitá, Amazonas

**Com o mais profundo respeito, destacamos a importante contribuição de Raimundo Neves de Almeida, cuja obra Retalhos Históricos e Geográficos de Humaitá (2005) aborda, entre outros temas, a adaptação do hino da cidade. Em reconhecimento ao seu valioso trabalho em prol da preservação da história do nosso município, compartilhamos a seguir um trecho adaptado de sua obra, expressando nossa gratidão pelo legado deixado.

Dia de Fundação

O dia de fundação marca o início da formação de um povoado, geralmente associado à chegada de um fundador ou ao estabelecimento de uma comunidade em um determinado local. É um dado simbólico que representa o surgimento do núcleo habitacional que, com o tempo, pode se transformar em uma cidade. No caso de Humaitá, a fundação é vinculada ao 15 de maio de 1869, quando o Comendador José Francisco Monteiro chegou à região e acordo naquele momento como o início do povoado (sem considerar a presença indígena na região).

Instalação da Comarca


Por outro lado, a instalação da comarca refere-se a um ato jurídico administrativo oficial que confirma uma localidade como sede de um sistema judiciário. Isso reflete o desenvolvimento político e organizacional do local, consolidando sua importância regional. Para Humaitá, essa data é de 29 de agosto de 1891, quando a comarca foi formalmente instituída.

Por que há confusão?


Em alguns casos, a instalação da comarca passou a ser comemorada como se fosse um dado de fundação devido à sua relevância histórica e ao impacto cívico do evento. No caso de Humaitá, de acordo com Raimundo Neves (2005), a data de fundação do povoado vinha sendo comemorada no dia 29 de agosto, enquanto que algumas pessoas mais específicas ao estudo histórico desta terra a consideravam 15 de maio.

No dia 29 de agosto de 1969, por exemplo, as autoridades, a classe estudantil e o povo festejaram calorosamente o primeiro centenário de Humaitá. O ano foi realmente o do centenário, porém o dia e o mês é que não eram verdadeiros. Ocorre que o Comendador José Francisco Monteiro ao desembarcar neste local, no dia 15 de maio de 1869, considerou esta data como a fundação de um povoado que ele imaginava surgir no local.

Os moradores de Humaitá comemoraram a data no dia 15 de maio, conforme está comprovado no primeiro Livro de Tombos da Paróquia, datado de 1918, à página 85, onde o vigário assim escreveu: "...que veio inaugurar o Grupo Escolar Oswaldo Cruz. Chegamos a Humaitá às 14 por noite sendo a inauguração às 15, data de fundação da cidade". (Note-se o desconhecimento do significado das datas, apesar das referências festivas). Concomitantemente no período, o dia 29 de agosto foi festejado com pompas por ser a data da instalação da Comarca, ocorrida no dia 29 de agosto de 1891.

Com o passar dos tempos, as gerações esmagadas com as crises financeiras e sociais surgidas em função da queda do preço da borracha, o que acabou com o "período áureo", fez esfriar os seus sentimentos cívicos a ponto de esquecerem os significados das principais datas comemoradas e passarem a comemorar apenas o dia 29 de agosto, esquecendo ou não atentando para o seu significado, ou talvez, por questão financeira que o impossibilitava de fazer em duas festas, as unificaram e assim, com o passar do empo, confundiram as duas datas, esquecendo em 15 de maio. Se bem que o dia 29 de agosto também mereça ser comemorado festivamente, porém, como instalação da Comarca e não como fundação de Humaitá.

De qualquer forma o primeiro centenário ocorreu em 1969, apenas num dia e mês que não são realmente os considerados como a fundação do povoado e sim, de instalação da Comarca. Vale ressaltar que muitas cidades pelo Brasil afora, tais somo, Rio Branco - a capital do Acre - por exemplo, comemoram o dia da cidade numa data alheia a qualquer Ato Jurídico, e sim, numa data de um fato qualquer digno de registro, quase sempre, a data do primeiro contato de seu fundador com o local. Foi o que aconteceu em Humaitá.

A alteração dos dados oficiais de fundação de Humaitá, corrigida de 29 de agosto para 15 de maio, impactou diretamente o hino da cidade, que precisou ser adaptado para refletir a revisão histórica. Inicialmente, o hino fez referência ao dia 29 de agosto, que então até era considerado o marco da fundação, mas esse dado, na verdade, estava relacionado à instalação da comarca em 1891, um evento jurídico-administrativo.

Foto: Acervo Alcenor Moreira, 2011.



Com o reconhecimento de que o verdadeiro dia de fundação do povoado foi em 15 de maio de 1869, o hino foi revisado para incorporar esses dados, alinhando-se à narrativa histórica mais precisa. Essa mudança foi essencial para garantir que o hino, como símbolo cívico, representasse de maneira fiel e autêntica a trajetória histórica da cidade, destacando o momento inicial de sua formação como núcleo habitacional (não indígena).

Autoria: Almino Affonso


**Com grande respeito, agradecemos e destacamos a valiosa contribuição de Alcenor Moreira e Ronecla Moreira, que identificaram o autor do hino de Humaitá, um fato que até então era desconhecido. Graças às análises minuciosas, foi possível resgatar essa importante parte da história cultural da cidade, promovendo o reconhecimento do legado artístico e cívico do autor. Em agradecimento pelo excelente trabalho em prol da preservação da história do nosso município, compartilhamos a seguir sua biografia.

Sobre o autor:

Foto: Portal do Senado Federal


Almino Monteiro Álvares Affonso, nascido em Humaitá (AM) em 11 de abril de 1929, foi um importante político, advogado e ministro brasileiro. Filho de Boemundo Álvares Afonso e de Dolores Monteiro Álvares Afonso, ambos oriundos de tradicionais famílias seringalistas do Norte do país. Seu pai foi prefeito de Porto Velho. Iniciou seus estudos em Direito na Faculdade de Direito do Amazonas, transferindo-se depois para a Universidade de São Paulo (USP), onde se formou. Em 1958, retornou a Manaus e foi eleito deputado federal pelo Partido Social Trabalhista. Em 1962, obteve a maior votação do Amazonas na Câmara Federal e foi reeleito pelo PTB.

Em 1963, foi nomeado Ministro do Trabalho e Previdência Social por João Goulart, mas renunciou em junho do mesmo ano. Após o golpe militar de 1964, participou de uma reunião com Goulart em Brasília e foi incluído na lista de cassações, levando-o a se asilarem na embaixada da Lugoslávia. Ele viveu em outros países da América Latina, incluindo Chile, Uruguai, Peru e Argentina, até seu retorno ao Brasil em 1976.

Em 1979, filiou-se ao MDB e, com a extinção do bipartidarismo, tornou-se membro do PMDB. Foi vice-governador de São Paulo de 1987 a 1990 e, em 1994, foi eleito deputado federal pelo PSDB. Atualmente é membro do PSB e é casado com Lígia de Brito Álvares Affonso, com quem tem quatro filhos.

Foto: Câmara dos Deputados - Palácio do Congresso Nacional


"Se amanhã, apavoradas diante da crescente maturidade popular, as elites dirigentes recorrerem ao regime discricionário como forma de afastar o povo do processo político, não restará ao povo outra alternativa senão o arrebentamento dos diques. Ninguém jamais deteve, nem deterá impunemente, a marcha do povo."
Almino Affonso